domingo, abril 25, 2010

Por André Muhle

''Não sou uma pessoa muito de televisão. No máximo, me dedico a um ou outro seriado. House quase sempre. The Tudors vez ou outra. 30 Rock quase nunca. Acontece que por um novo posicionamento na minha vida profissional, estou chegando em casa ainda a tempo de ver William Bonner e sua digníssima esposa. Confesso que tenho me assustado com a sensação de a mídia estar confabulando para um grande caos mundial. É avião que cai, morro que desaba, terra que treme, vulcão que explode e toda espécie de desgraça mundo afora. E aí, quase como uma defesa do subconsciente, acabo indo dormir pensando sobre como será minha morte. Sem querer entrar em mais detalhes sobre o assunto, mas já aproveitando a oportunidade, eu gostaria muito de fazer um pedido ao moço lá de cima, na esperança, é claro, de que ele leia esse blog. Seja lá como acontecer, por favor, me dê 30 segundos antes de eu morrer. 30 segundinhos. Nem mais, nem menos. Mas vamos às condições. Esses 30 segundos não podem ser de desespero, ok? Tipo procurando a saída de emergência ou levando eletrochoques no peito. O acordo é esse: eu não posso morrer de uma hora pra outra, sem ter consciência de que vou morrer, mas preciso de 30 segundos de intervalo entre eu saber que vou morrer e minha morte propriamente dita. 30 segundos de silêncio. De tranquilidade total. Como nos filmes, quando uma bomba explode e, de repente, tiram totalmente o audio para mostrar o ator em estado de catarse total. Ou quando o mocinho que também é lutador de boxe leva um murro enorme, cai no ringue e começa a ver imagens da namorada, do mestre que morreu e por aí vai. Pronto, é exatamente isso que eu quero. Ainda não parei pra pensar no que vou fazer com meus 30 segundos. Não sei se vou lembrar de quanto tinha 5 anos e minha mãe me pegou fazendo xixi no telefone. Não sei se vou lembrar de você que dormiu do meu lado no dia que eu bati o carro. De você que me fez ir num culto evangélico assim do nada. Ou de você que me deu aqueles pratos quadrados. Talvez acabe pensando em coisas insignificantes. Do filme que eu precisava devolver na locadora. Do iogurte de pêssego que deixei na geladeira pra tomar no final de semana. De ligar pra TV a cabo e dizer que eu também quero assinar o HBO. Não importa. Eu preciso, por favor, desses 30 segundos. É um direito meu. É um momento para eu ter medo e dizer “poxa, não podia ser agora” ou ter paz e pensar “tudo bem, já valeu a pena mesmo”. E então, estamos de acordo? ''

de lá do Make a Wish.

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