terça-feira, junho 01, 2010

Por Maria Rita Angeiras

Engraçado, assim como a música, tudo que eu também tenho feito o dia inteiro é dormir e pensar em você. E eu estou tão exausta dessa obrigação de descansar que às vezes eu me pego despertando mesmo já estando acordada há tantas e tantas horas, como se o tempo não passasse nunca na minha janela. Isso porque meu corpo desistiu de acompanhar a minha cabeça depois do décimo passeio que fiz hoje pelo supermercado, tentando achar nas prateleiras algum sentido para aqueles dias vazios ou tentando comprar, com o meu cartão de crédito, alguma coisa que me cause tanta alegria no estômago quanto a sua voz e os seus olhos. Mas a música corrige e repete, com uma melodia deliciosa, que o amor não é nenhuma grande verdade. Não, o amor não é nenhuma grande verdade. Com uma enorme flor branca nos braços, resultado de uma velha promessa que eu fiz e não consigo cumprir nunca, eu volto para casa discordando daquilo. É, eu discordo. Porque eu escuto a risada de Clara do outro lado da linha, enquanto ela brinca com os óculos de moldura vermelha, e eu me sinto tão viva que crio coragem de ser feliz sempre que a gargalhada debochada dela me pedir. Porque as palavras doces da minha mãe são o meu travesseiro, e esse jeito incorrigível que ela tem de botar fé no mundo é o que alimenta todos os dias o que sobra da minha poesia distraída. Porque eu decido ir para casa ver a minha família e, de repente, tudo faz muito sentido e eu perco essa expressão subliminar que me acompanha de segunda a sexta. Porque eu gosto de ouvir a sua voz e ela me acalma e eu sei que vai ficar tudo bem, porque você é o tipo de pessoa que sempre faz isso com os outros e porque eu sou o tipo de pessoa que sempre se apaixonaria por você, quantas vezes você quisesse. E, por fim, mas não por falta de outros argumentos, porque o amor, se não for uma grande verdade, é a única mentira que a vida precisa para ser muito, mas muito boa mesmo.

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